terça-feira, 24 de abril de 2012

Planejamento realizado em um sobe e desce danado...


A perseverança não é uma longa corrida; ela é muitas corridas curtas, uma depois da outra. Walter Elliott
E finalmente voltei a participar de uma prova este ano, após a São Silvestre do ano passado. Apesar de não ter conseguido treinar na semana da prova devido a um inchaço no joelho esquerdo, decorrente de horas ao volante em uma viagem no fim de semana (+/- 600 Km), consegui completar a prova com muito esforço. Prova esta que me surpreendeu pela dificuldade, já que não esperava uma variação tão grande na altimetria do percurso, o que mostra que tenho que melhorar este meu lado em analisar a prova antes. Muitos não se preocupam com isso, mas ajuda bastante estabelecer uma estratégia antes da prova.
O que me ajudou, foi exatamente o plano de treino que estabeleci, pois o trecho de rua que escolhi para treinar oferece uma variação na altimetria que me deixou melhor preparado para uma prova neste estilo. Aliás, percebi que provas com este tipo de variação aqui em São Paulo são mais comuns do que eu imaginava.
A Série Delta foi uma surpresa positiva pela organização, pois é difícil para uma prova de 5km estabelecerem 3 postos de hidratação. Acredito que pela prova de 10Km ser em duas voltas no mesmo percurso, seja o motivador da localização dos mesmos. A prova teve início dentro do Parque da Independência, o que proporcionou um percurso agradável e ladeado por árvores, onde inclusive passamos a frente do Museu do Ipiranga. Ao final da prova, medalha e as tradicionais frutas e isotônico coroando o esforço.

Museu do Ipiranga ao fundo.
As partes não tão agradáveis foram as variações de altimetria, com muitos pontos de aclives e declives, o que deixou ligado meu alerta para possíveis contusões. É muito comum ver uma galera dando carreiras ladeira abaixo, sem se preocupar com as consequências. Muitos não sabem, mas os declives oferecem tanto quanto ou mais riscos de contusões que os aclives. Contusões comuns por conta de correr em aclives, sem o menor cuidado, são a famosa Canelite e as horríveis Lombalgias.
A meta era completar os 5km em um tempo inferior a 40 minutos, o que não foi possível devido a uma semana sem treino (podem acreditar, uma semana faz muita diferença), e a dificuldade da prova. Mas para minha surpresa não fiquei tão longe assim do meu objetivo, finalizando a prova com o tempo líquido de 41'22''.




Em uma prova plana acredito que teria conseguido ficar abaixo dos 40 minutos, mas como estou voltando aos poucos, estou muito satisfeito com o resultado. Mas o "resumo da ópera" é que ainda hoje estou com a musculatura das pernas rígidas. Então treinos apenas a partir de amanhã, pois tão importante quantos os treinos é saber respeitar o tempo de descanso.

terça-feira, 27 de março de 2012

Planejando onde chegar


Em alguns momentos da vida, o planejamento se faz necessário, independente da área da vida que estejamos falando. Visando o retorno as provas de rua, de um modo que eu possa competir comigo mesmo, ou seja, melhorar meus tempos e evoluir nas distâncias, elaborei eu mesmo as metas a serem alcançadas.
Importante dizer que sou plenamente a favor de acompanhamento profissional, o que quer dizer que é benéfico participar de uma equipe de corredores de rua e/ou se filiar a uma consultoria que oferece total apoio nos treinamentos e em provas.
A decisão de estabelecer eu mesmo meus treinos e metas, fazem parte do desafio de me disciplinar em seguir o que estabeleço como filosofia de vida: Nasci para correr!

Delta
Meu retorno já está datado, no dia 22 de Abril para o retorno as provas de rua, com a inscrição realizada na Série Delta. A escolha desta prova é significativa, já que o que busco é realmente atingir meus objetivos. O Delta é uma letra grega, que na matemática e nas ciências aplicadas, é utilizado como uma variável para indicar uma diferença, uma variação. No meu caso esta variação é a busca da melhora em relação ao tempo e também a distância que almejo chegar.
Os próximos treinamentos visam me preparar para realizar a prova de 5km em um tempo abaixo dos 40 minutos, o que para muitos chegar a ser uma performance muito aquém de um corredor amador, mas que dado o meu condicionamento atual é algo possível de realizar sem maiores consequências.
Dentro da questão de condicionamento, é claro que pesei a questão do sobrepeso (Desculpe! Não resisti ao trocadilho) versus o impacto do mesmo sobre os meus joelhos, que já não se podem dizer que sejam de um garoto (Antes que falem, velho é ...).

O treinamento se resume em três atividades de corrida semanais, sendo que duas serão realizadas em esteira onde posso com a ajuda da mesma, estabelecer a distância e o pace desejados. No final de semana o objetivo é treinar na dura realidade das ruas, onde o atrito da pista é maior, onde há questão da resistência do vento, o sol ou a chuva e outros tantos fatores que nenhuma esteira/academia pode simular.
Entre os treinos de corrida pretendo realizar o reforço muscular, mas de forma gradual e me permitindo resguardar minha integridade física.

Sendo sincero, estou tão pilhado na volta para atividade que já estabeleci a prova seguinte, a qual será uma  estréia para mim em uma categoria há algum tempo desejada: Mountain Do Campos do Jordão.
Mountain Do Campos do Jordão

A MD é uma categoria diferente, com pouco tempo e poucas provas no Brasil, mas que permite a nós corredores o contato direto com a natureza e com paisagens de tirar o fôlego. Tendo como prova mais exigente e até mesmo exótica a Mountain Do Deserto do Atacama, que obviamente já entrou na lista de desejos, mas como dizia o sábio Jack "The Ripper": Vamos por partes ;)

Segue Trailer para ser ter uma idéia da "encrenca" maravilhosa que o ser humano procura na busca por seus desejos e limites:

terça-feira, 13 de março de 2012

O que é Pace Médio ?



Quem já corre deve estar acostumado com este termo, mas muitos ainda não compreendem como este conceito simples pode realmente ajudar a atingir o tempo de prova que você esteja idealizando.

PACE MÉDIO nada mais é do que o ritmo medido em minutos por quilômetro. É um dado importante para o atleta se posicionar dentro da largada de uma corrida de rua. Muitas provas hoje em dia separam em "ondas" os pelotões de largada, evitando assim o tumulto que há em todas as largadas, pois com os pelotões separados pelo tempo alvo dos participantes, os corredores fluem naturalmente.

Exemplificando, ao realizar provas de 5km ou 10km, determinando que correria ambas em um Pace Médio de 7min/km, a prova de 5km seria realizada em 35min e a de 10km em 1h10min. O controle durante a prova é realizado observando o tempo de passagem pelas marcações de quilômetro a quilômetro, com o cronômetro de seu relógio. Com os dados durante a prova, você pode aumentar ou diminuir a intensidade para alcançar sua meta.

Meu melhor tempo em uma prova de 10km foi de 1h16min, contando ainda com uma subida de viaduto, ou seja, meu Pace Médio ficou acima de 7min/km que é uma boa meta para iniciantes. Neste evento eu havia estabelecido uma estratégia com minha antiga técnica Márcia Ferreira, e realizei o controle durante a prova.

Até criei uma planilha no Google Docs para visualizar melhor as metas, onde aproveitei e calculei também a velocidade média para atingir os objetivos: Planilha Pace Médio

Caso desejem acessar, me envie uma mensagem que irei compartilhar a mesma com vocês. Coloco aqui uma cópia das provas básicas, mas na planilha estabeleci um acompanhamento km a km a partir de 4km chegando aproximadamente a 42 km, ou seja, uma maratona que tem 195 metros a mais.



quinta-feira, 1 de março de 2012

A volta aos treinos... sacrifício e alguns widgets.


A vida esguicha como uma fonte para aqueles que perfuram a rocha da inércia.
Alexis Carrel
A dificuldade em retornar a qualquer que seja a atividade física, após um longo tempo de inatividade, não chegar a ser uma novidade para ninguém. E se alguém ainda mantêm dúvidas quanto ao fato, acreditem-me, o sacrifício do retorno é um monstro real e implacável.
Este domingo retornei aos treinos de corrida, com o bônus de já ter alguma experiência tanto na vida de corredor, como em retornos após momentos de inatividade. O ônus ficou por conta da total falta de condicionamento que me encontro na atualidade. O saldo foi um treino com intensidade bem distante dos meus tempos de "atleta" regular.
O planejamento iniciou com uma caminhada leve passando a moderada, para aquecer a musculatura e avisar ao corpo o que estava por vir. Depois foi só estabelecer os momentos dos trotes leves para aumentar um pouco a intensidade do exercício. A dificuldade maior ficou por conta do percurso escolhido, já que preferi adicionar algumas variações de altimetria no mesmo, ao invés de iniciar apenas em um terreno totalmente plano. E nada melhor que a área em que moro, para ter estas variações. Na verdade a avenida onde está localizado o nosso condomínio, propicia uma farta variação de terreno para diversos tipos de treinos. Além de poder selecionar trechos totalmente planos, dependendo do desejo, existem pequenas ou grandes variações na  altimetria, que partem desde uma leve elevação a quase um pirambeira desafiadora.
A novidade neste treino, foi que decidi testar o aplicativo MapMyRun do meu celular, que utiliza a função de GPS para mapear a atividade, registrando dados interessantes como o pace médio, alternações de velocidade, altimetria dos trechos e mais algumas informações que podem interessar. Como bom Geek que sou, me amarro em gadgets e widgets bem feitos. E o MapMyRun é show!
Uso o recurso do MapMyRun desde o seu início, mas ainda não utilizava o recurso do GPS com frequência. Vou inclusive estudar mais sobre o mesmo, e em breve vou criar um post apenas sobre ele.
Mas como aperitivo, segue abaixo um dos recursos bacanas que a sincronização com o site do MapMyRun proporciona, onde após mapear o percurso, podemos acompanhar o mesmo utilizando a API do Google Earth:



 

Terminado o treino, que durou praticamente 40 minutos com 4,27 km percorridos, segundo o MapMyRun, eu só queria descansar, pois o esforço foi grande e para minha felicidade o tempo ajudou, pois estando parcialmente nublado, não sofri com a inclemência do Rei Sol.
Segue link do registro do treino onde se pode acompanhar a variação da altimetria: http://www.mapmyrun.com/routes/view/71284426#

Na segunda logo de manhã cedo, para não perder o pique, desci para academia do condomínio e realizei um trote leve de 3 km, apenas para não deixar as pernas "enferrujarem" novamente.
A intenção era realizar atividades durante toda a semana, mas devido a rotina de trabalho e alguns percalços emocionais, que graças a Deus estão sendo superados, não consegui realizar nada.

Felizmente hoje, com as boas notícias o humor melhorou, e cedo resolvi alternar para outra atividade que me agrada muito: Bike.
Sai cedo, mas o sol já estava fritando a cuca da galera e lógico que não esqueci de passar o protetor solar, o que recomendo a todos, pois câncer de pele é algo recorrente entre a galera de corrida que não se cuida e não acredita  que possa sofrer deste mal. Galera, não vamos dar mole.
A questão sobre as pedaladas, é que os trechos íngremes cobraram muito do meu condicionamento zero, e acabei fazendo apenas 20 minutos de atividade. Mas como disse no início, o sacrifício é certo, mas a recompensa vindoura é maior ainda.

Em breve vou postar o planejamento para o Ano, no qual quero voltar a gloriosa São Silvestre com um condicionamento para derrubar meus tempos anteriores, pois meu maior e único adversário sempre foi aquele em que olho no espelho toda manhã.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Mudança de percurso e melhora do tempo.

E já saíram os resultados da edição de 2011 da São Silvestre. Como previsto pela organização, houve melhora dos tempos. Pelo menos meu tempo melhorou ;)

Se não houvesse a chuva, acredito que a melhora seria maior, mas o que vale é sempre chegar, cruzar o ponto final e curtir o feito.

CLASSIFICAÇÃONUMATLETAIDADEFX.ET.CL.F.EEQUIPETEMPOTEMPO LÍQUIDO
3610º5409ELEN ARAUJO SILVA ALVES40F40441MARCIA FERREIRA02:33:4602:19:46
14826º5411JOSE DA PAES SILVA68M6569298MARCIA FERREIRA02:33:4802:19:48
14899º5391EDUARDO DA CONCEICAO ALVES40M40442296MARCIA FERREIRA02:38:1202:24:10

No resultado final da família que corre "quase" unida (eu não tinha condições de correr junto aos dois), fiquei apenas à 4'24" da dupla de empolgados Pai e Filha.

Comparando meu tempo na prova de 2010, melhorei em 2'10" o tempo líquido.

CLASSIFICAÇÃONUMATLETAIDADEFX.ET.CL.F.EEQUIPETEMPOTEMPO LÍQUIDO
2268º7376EDUARDO DA CONCEICAO ALVES39M35392296MARCIA FERREIRA02:43:4402:26:07

Acredito que voltando a rotina de treinos, na próxima SS consigo baixar um pouco o tempo, mas sem estresse.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

São Silvestre 2011 - Muita alegria, muita chuva e... lamaçal.

E lá se foi 2011 e com ele todos os acontecimentos e desafios passados. Quem venham novos desafios e novos acontecimentos, sempre com muita saúde e alegria.

E fechamos 2011 com mais uma São Silvestre, agora com novo percurso. Novidade que foi polêmica para a maioria dos corredores, pois a São Silvestre é uma das corridas mais tradicionais desse nosso Brasilzão afora. Mas a maioria esquece que a São Silvestre muda desde de sempre, seja para beneficiar a organização, ou seja para... quer dizer, sempre foi em benefício da entidade que organiza, os corredores que coloquem o par de tênis e que a façam se quiser.

Para os especialistas a mudança do percurso melhoraria os tempos referentes ao percurso anterior. Só esqueceram de pedir a São Pedro que ajudasse com a quebra de tempos. Apesar do etíope Tariku Bekele ter feito um tempo abaixo da edição de 2010, vencida pelo Marilson que chegou na 8a. posição este ano, a previsão é que o tempo fosse muito abaixo do registrado. Fica aqui o parabéns ao etíope que tem tudo para figurar no cenário mundial de corridas, vide o sangue e o sobrenome, já que é irmão do grande Keneniza Bekele.

Mas vamos a corrida dos pobres mortais. Estréia da minha esposa e de seu pai na São Silvestre, e não só na prova mais famosa do fim de ano, pois foi a primeira vez que passaram da marca de 10Km. A minha esposa tem treinado regularmente, até porque vem se preparando para sua primeira prova de duatlo (corrida + bike). E vem treinando bem, deixando o maridão coruja aqui todo orgulhoso. O sogrão também tem treinado com afinco, ainda sem acompanhamento profissional, mas daqui a pouco ele entra na linha. Vem usando o belo cenário da Lagoa Rodrigo de Freitas para se preparar para as provas. Apenas o meliante que vos fala é que se tornou um marginal das pernas, pois tenho sido um relapso com minha rotina de treinamentos... peraí, que rotina de treinamentos? Pois é, desde março que não sei o que é ter uma sequência de treinos, e lá fui eu novamente para São Silvestre apenas com a disposição e uma boa dose de irresponsabilidade. A meu favor conta pelo menos minha ação de ter visitado o cardiologista para conferir que máquina continua azeitada, apesar do descaso com minha forma.

Achei a feira deste ano, na retirada do kit, mais bem organizada e com mais novidades que a do ano passado. No dia da prova tinha estabelecido um plano de deixar o carro perto de uma estação de metrô, de onde partiríamos para a prova, o que acabou não se concretizando, e acabamos deixando o carro em um estacionamento na Alameda Santos, igual ao ano passado.

Chegando a Av. Paulista, vimos muita festa e aproveitamos o tempo antes da largada para ver as decorações de Natal. As agências Bradesco e Itaú este ano capricharam e realmente entraram no espírito natalino.
Decoração da Agência Itaú da Av. Paulista,

No dirigimos ao local da largada, encontramos um lugar de onde poderíamos partir sem problemas maiores, e eis que dada a partida, levamos os protocolares quase 10 minutos para passar pelo marco da largada. Isso porque ficamos não muito distante da largada, porque a previsão era perto de 25.000 inscritos, e de onde estávamos ainda dava para vislumbrar um mar de corredores atrás.
Eu e minha esposa antes da prova.

Logo na Paulista a dupla Pai e Filha se desgarraram de mim, pois o condicionamento e a empolgação falaram mais alto. E o "Zátopek"aqui preferiu manter a estratégia de chegar bem, controlando o tempo quilômetro à quilômetro, para evitar muitas dores após a chegada, pois não sentir dor é algo utópico em uma prova com o nível da São Silvestre, ainda mais sem treinar. A largada serviu também para a chuva cair, mas na Paulista mesmo ela deu uma amainada.
Neste novo percurso, passar por baixo da Paulista foi uma sensação super legal, pois os brados de incetivo da galera que vai para assistir, pareciam ecoar pelas paredes. Na descida da Major Nataniel, um mar de corredores à frente e um cara com cabeleira e óculos escuro,que imitava um bulldog com perfeição, assustando os mais desatentos e fazendo justiça ao folclore desta prova, onde muitos vão para se divertir e aparecer.
Descida da Major Nataniel.

Na subida da Itápolis, São Pedro resolveu entornar os baldes, encharcando até os ossos todos os corredores, independentes de gênero, credo ou condição financeira. Tomando muito cuidado com as corredeiras formadas nas guias, aqui em Sampa guia é o mesmo que meio-fio no Rio, diminui a passada e vi um corredor sendo ajudado por outro, este corredor em questão puxava um carrinho de mercado, que tinha um boneco com mensagens contra a descriminação racial. No carrinho ainda estava o filho do corredor, e ver outros corredores ajudando mesmo sem conhecê-los me dá esperança que a descriminação seja apenas um má lembrança em um futuro próximo.

Mais adiante ainda passaram por mim o Mosquito da Dengue, o Chaves, o Kiko e Seu Madruga, e um carioca que trazia uma parafernália de isopor representando o Maracanã e o Cristo Redentor, já sem um dos braços. Isso tudo sem chegar ainda a metade da prova, o que confirma o espírito jocoso do povo brasileiro.

Na Mário de Andrade, que na verdade era um trecho em cotovelo, consegui ver na outra pista a dupla dos empolgados Pai e Filha dando uma trotadinha, e nem notaram que passei em sentido contrário tão absortos estavam na prova. Neste mesmo trecho, três gaiatos corredores vestidos de vaquinhas com tetas, da cabeça aos pés faziam a alegria da meninada e ainda escutavam besteiras de alguns marmanjos, as quais ignoravam em prol da alegria maior.

E lá vamos nós, após uma Dilma que prometia uma faxina no Senado, um Rei Roberto Carlos que cantava e era aplaudido pelas massas e mais alguns fantasiados corredores.

No final da Norma Pieruccini registrei a imagem que mais me impactou nesta prova. Um pai corria empurrando uma cadeira de rodas com sua filha sentada e de capa de chuva, sendo aplaudidos por uma multidão a medida que passavam. Desde que comecei a correr estas provas, eu vejo exemplos de superação como de biamputados, cadeirantes e deficientes físicos que corriam mesmo de muleta. São exemplos como esses que me fazem acreditar que podemos nos superar a cada dia, e perceber que o Ser Humano é capaz de realizar coisas incríveis independente das dificuldades impostas.

Ao chegar na Rudge, tive que realizar um rápido pit stop, pois a chuva fria e os postos de hidratação aceleraram o chamado da Mãe Natureza. Bexiga zerada, uns dois minutos perdidos e pé na estrada novamente.

Na Av. Rio Branco escutei uma pergunta para lá de curiosa de um senhor de 79 anos que trotava elegantemente, e que eu estava ultrapassando:
- "Escuta, somos os últimos?"
- "Não, ainda tem um mar de gente para trás."
- "Ótimo!"

Curioso, perguntei se ele iria aumentar o ritmo caso estivéssemos em último, ao que ele respondeu:
- "Não meu filho, em último eu começaria a andar para chegar..."

Tive que rir, desejei um bom ano novo com saúde e acelerei.

E passa o homem planta, o homem palhaço, um cangaceiro, um viking, e vamos que vamos. Vira Ipiranga, vira São João, contorna o belo Teatro Municipal, passa pelo Viaduto do Chá... pois é, a São Silvestre tem a característica de mostrar os belos lugares de São Paulo.

Então chegamos a hora em que se separam os corredores dos "rastejadores" como eu, a minha frente estava a famigerada Brigadeiro Luis Antonio. Praticamente dois quilômetros de subida constante, e a chuva aperta e descem corredeiras, mas o público está lá, não nos abandona, nos incetiva, gritam votos de feliz ano novo, passam energia, fazem brindes com tulipas de cerveja de suas sacadas... sacanagem né? Correndo que nem um maluco e o cara brindando nossa passagem com cerva e churrasco. Gritei um Feliz Ano Novo e parti ladeira acima.

Na Brigadeiro deixei minha perna esquerda, ou ela me deixou, não sei de quem foi a decisão primeiro. Ela já vinha doendo alguns kms antes, neste ponto ela simplesmente parou de doer. Na verdade eu parei de sentir a perna, o que foi até uma benção, pois ainda arrisquei um trote de uns 100m na Brigadeiro, apenas para sair bem na lente de uns fotógrafos de uma dessas empresas de foto esportiva, que proliferam aos montes.

Finalmente passo no pequeno corredor da Paulista, para então descer o outro lado da Brigadeiro aos gritos de: "Não desiste!", "Falta pouco!", "Raça!", "Vai condenado!"... fazer o que né?
Na descida faltando pouco mais de 2kms resolvi começar a me divertir pra valer. Parei e tirei uma foto com o rei do rock, Elvis Presley, que cantava My Way com a voz do Sinatra. O Rei corria caracterizado, com um violão a tira-colo de onde tirava uns acordes enquanto trotava. Realmente uma festa.
O Rei do Rock não morreu.

Vira Mal. Estênio, vira Manoel da Nóbrega e chego finalmente a Pedro Álvares Cabral, como o próprio descobridor que gritava:  "Linha de chegada à vista!!!". A minha frente o belo Parque Ibirapuera, com a imponente Árvore de Natal, e a chegada mais na frente. Mais um pequeno trote para cruzar bem no tempo bruto aproximado de 2h38m. É indescritível a sensação de cruzar a linha de chegada, seja de uma prova de 5km, 10Km, ou até mesmo de uma meia-maratona, a qual já tenho duas no currículo. Mas cruzar a chegada da São Silvestre, para mim é um sonho realizado, e potencializado pela companhia da minha esposa e do meu sogro. Tudo bem que cheguei 4min atrás deles, mas o despreparado era eu, então posso me permitir um sorriso de sensação de que "não estou tão mal assim" ;)
Chegada da prova com a Árvore de Natal como testemunha.

Acabada a São Silvestre, começou a corrida de aventura para pegar a tão merecida medalha. Bola completamente fora da organização, pois sujeitou a todos os corredores cansados, a um lamaçal gigantesco no qual se tornou a dispersão e o caminho para pegar as medalhas. O gramado do Ibirapuera neste trecho já não existe mais, e os resmungos, reclamações e impropérios ao longo da aventura que foi buscar a medalha foram a constante deste momento.
Para completar, um desencontro na linha de chegada com a dupla de empolgados, celulares descarregados e uma chuva que não parava de cair, testaram ainda a nossa vontade férrea de voltar para casa com um sorriso no rosto.
Graças a Deus ou a insanidade de um motorista de táxi chinês, conseguimos uma condução que nos aceitasse totalmente encharcados, para chegarmos ao estacionamento e pegar o carro para voltar para casa. Aliás, o motorista do táxi foi um capítulo a parte nesta história, pois era uma figuraça, que quase atropelou uma corredora distraída na frente de policiais, e quando escapamos ilesos ainda se vangloriou que tinha 10 advogados caso ocorresse algum problema. Realmente hilário.

No mais, sem ser promessa de fim de ano até porque o ano já virou, pretendo voltar a ter uma rotina de treinos que me permitam voltar as meias maratonas e quem sabe minha estréia nos 42km.


Feliz Ano Novo! Muita sola de tênis para gastar e muita saúde para os que me lêem e seus familiares

sábado, 31 de dezembro de 2011

Ano Novo... Pé na Estrada...

Olá novamente para os insanos que conseguem ler o que posto aqui. Eis que após uma grande hibernação dos meus "sentidos de escriba", volto a postar algo no blog. Há algumas horas de realizar mais uma São Silvestre, me pego pensando no que fazer durante a prova. Logo eu que não treino nadinha desde meados deste ano que acaba hoje, o que não chega a ser novidade para mim já que a minha primeira São Silvestre acabou sendo nas mesmas condições: Projeto estressante no trabalho + Falta de disciplina para treinar = Forma de barril.

Mas isto não quer dizer que esteja desmotivado, muito pelo contrário. Este ano terei ilustres acompanhantes nesta que é uma das maiores festas do corredor de rua brasileiro. Minha esposa e seu pai gastarão as solas de seus tênis na ruas famosas de Sampa, o que para mim é uma honra e motivo de orgulho. Honra por poder compartilhar uma das grandes alegrias que tenho como ser vivo: Correr. E principalmente por acontecer em uma prova que sonho há muito tempo em correr. Desde o tempo em que era moleque, acompanhando o grande herói brasileiro José João da Silva, ou o fenômeno equatoriano Rolando Vera. Mas meu grande herói naquela época era meu primo Misael, que saia de Alagoas para correr a São Silvestre, e depois embarcava para o Rio para passar as férias lá em casa.

Termino o ano com este post, e irei começar o próximo narrando a aventura de mais uma São Silvestre.
Desejo a todos um ano novo de muitas realizações e muita saúde e com um pensamento que li recentemente, e que achei legal em compartilhar:

"Não seja uma pessoa que espera que o ano que começa, seja melhor que o que está passando, e sim que seja neste novo ano, uma pessoa melhor que foi no ano anterior."

Correndo pelas palavras...

Andei me perguntando porque pessoas tem esse desejo insano de escrever um Blog. O que as leva a "desperdiçar" aquele tempo precioso, em que poderíamos estar realizando algo mais útil, teclando mensagens, contando histórias e/ou estórias ou simplesmente divagando pela teia mundial.
Eis que acordo um belo dia, e me vejo pensando em criar eu mesmo um Blog, HAHAHA!!! E sobre o que exatamente eu falaria? CARAMBA!!! A gama de assuntos que vieram a mente foi assustadora.
PENSAMENTO, êita palavrinha perigosa. Já que o desejo (este vil sentimento que se apodera de nossas ações senão for duramente combatido) estava instaurado e enraizado, achei que mal não faria em criar um Blog (espero não me arrepender, hehehe).
Mas voltando ao assunto, falar sobre o que? Sobre meu filho? até seria bacana, e quem sabe um projeto para o futuro. Sobre a desigualdade social? É, me incomoda muito e quem sabe um Blog a mais não faria diferença, e mesmo que não faça, seria um ótimo veículo para "colocar as coisas para fora" (no bom sentido é claro). Decidi mesmo é falar sobre superação. Traduzindo melhor, falar sobre CORRIDA. O esporte mais antigo do mundo, pois com certeza o home de neanderthal botava "sebo nas canelas" quando se via ameaçado pelas espécies monstruosas daquela época.
Pois é! Estou de volta ao belo "vício" de correr. Após um longo hiato, quase que um ano e meio, sem praticar nem cuspe a distância, em um arroubo de resolução de fim de ano, e com o "agravante" de me preparar melhor para a vida de pai, resolvi voltar a rotina sacrificante dos treinos e me planejar para o sofrimento das corridas de rua. A meta, é claro, é concluir uma MARATONA, ou seja, coisa de maluco mesmo. 42.195 metros de puro martírio infernal e delecioso. Se vou conseguir? Só Deus, minha força de vontade (que as vezes me falha, já que sou humano) e minhas pernas é que dirão. Até lá, resolvi discorrer sobre esta mais nova louca aventura.